A nossa falta de capacidade em entregar a infraestrutura adequada para sediar a Copa do Mundo deixa evidente, sobretudo um apagão de mão de obra especializada que tornou publica nossas mazelas perante o mundo todo.
Eventos esportivos da magnitude da Copa do Mundo costumam trazer grandes benefícios para os países que se propõem a sediá-los.
Nestas ocasiões os países sede têm ao menos duas ótimas oportunidades:
- Deixar um legado de infraestrutura;
- Aparecer positivamente para o resto do mundo.
Parece que o Brasil está desperdiçando ambas as oportunidades.
Nossa capacidade em entregar o combinado, ou seja, estádios, portos, aeroportos e acessos decentes é algo entre o ineficaz e o sofrível.
Segundo o Secretário Geral da Fifa, Jéromê Valcke, que obviamente está acostumado a um outro patamar de capacidade técnica e compromisso, afirma categoricamente em nossa própria casa que “O Brasil merece um chute no traseiro”.
A postura do dirigente é, sobretudo, lamentável, entretanto cabe uma reflexão, um “mea culpa”.
Resta-nos perguntar: Apesar de sua grosseria em um país estrangeiro será que ele está errado?
Enterramos até agora, não sabemos exatamente onde, algo em torno de R$ 20 bilhões de reais, sem nenhum planejamento ou critério. Estamos construindo estádios de futebol em locais que não possuem a menor tradição na pratica do esporte, tais como Arena Amazônia (Manaus), Arena Pantanal (Cuiabá) e Estádio das Dunas (Natal). Alguém acompanha campeonatos regionais nestes estados ou conhecem seus representantes no campeonato nacional?
Não vou entrar no mérito de quantos hospitais, casas e escolas poderiam ter sido construídas com este dinheiro. Irei deitar analise apenas no fato de como a falta de mão de obra qualificada tem emperrado significativamente o progresso neste país.
Segundo alguns órgãos e publicações especializadas, estamos vivendo um apagão de profissionais especializados e para que nosso assunto não fique disperso e sem foco, vamos tratar apenas a formação de Engenheiros.
Enquanto o Brasil forma 40 mil engenheiros por ano nossos parceiros no BRIC, Rússia, Índia e China, formam 190 mil, 220 mil e 650 mil respectivamente. Temos o equivalente a 6 profissionais para cada mil trabalhadores. Nos EUA e Japão a proporção é de 25 para cada mil.
Entidades empresariais têm feito estudos sobre o impacto da falta de engenheiros no desenvolvimento econômico brasileiro. Segundo o Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o Brasil possui um déficit de aproximadamente 20 mil engenheiros por ano, afirma ainda que o problema vem sendo agravado por demandas como: PAC, Programa Minha Casa Minha Vida, Pré-Sal, Copa do Mundo e Olimpíadas.
Estamos perdendo bilhões de reais pela simples incapacidade de investir milhões em áreas certas de forma competente e coerente.
Tivemos um longo período de bons ventos na economia mundial, que beneficiaram fortemente o Brasil e, de novo, perdemos a oportunidade de conduzir a embarcação para águas mais calmas.
Ano após ano a agricultura nos entregam super safras que lamentavelmente perdem-se nos acessos aos portos neste caos logístico em que vive o país.
Meu sentimento é que o evento esportivo “Copa do Mundo no Brasil” deva ser enterrado definitivamente e erguer-se uma lapide com os seguintes dizeres: Aqui jaz uma oportunidade perdida.
Mas nem tudo está perdido. Ainda teremos mais uma oportunidade para trabalhar eficiente e eficazmente, planejando passo-a-passo nossas ações. Vamos chamá-la de Olimpíadas de 2016. Esta talvez seja nossa ultima chance de aparecer positivamente para o resto do mundo e a de colocar definitivamente este país no roteiro dos grandes shows e eventos esportivos.
Podemos não ser em número suficiente, mas isto não nos tira a motivação de entregar bons resultados.
O gigante, de fato, não está mais adormecido, entretanto ainda encontra-se em estado de sonolência.
Avante Brasil!
Acorde Brasil!